CORTES DE ALVARES
NO SÉCULO XXI
A primeira metade do século XX foi a mola impulsionadora no combate às assimetrias regionais em relação ao litoral. O êxodo dos nascidos em toda a Comarca de Arganil começou nos anos 30 e 40, à procura de riqueza e de melhores condições de vida, tal como os descobridores portugueses se fizeram ao mar. Lisboa foi o grande centro migratório dos povos da Beira – Serra. E, foi a partir da capital, que nasceu a corrente regionalista com a fundação das Comissões de Melhoramentos, com o objectivo geral de debelarem o empobrecimento estrutural em que as aldeias se encontravam. A angariação de fundos em festas, almoços e piqueniques começou com a solidariedade e o amor natural às terras onde nasceram .
O desenvolvimento regional começou-se a notar com a solidariedade das populações naturais das várias aldeias localizadas na Beira Interior, atendendo a múltiplos factores endógenos da região : - escassez de infra – estruturas essenciais ao ser humano, como acessibilidades, saneamento básico, água canalizada ao domicílio ou mais perto de casa, ensino, espaços de convívio, entre outros .
O Poder Local não tinha a autonomia e a capacidade financeira para resolver os anseios das populações serranas. O Poder estava centralizado na capital. O investimento público era canalizado para a compra de ouro e para a colonização do Império Português .
A segunda metade do século XX iniciou-se com a planificação de obras de construção civil em muitas das povoações do Interior. Muitos projectos se fizeram e muitas obras se realizaram. O Regionalismo entrou na sua máxima força até à Revolução dos Cravos, ou seja, até ao 25 de Abril de 1974, cumprindo com a realização de muitos dos seus projectos.
A partir daí, com a evolução dos acontecimentos políticos, as Autarquias Locais adquiriram maior capacidade financeira, ganharam autonomia, e o trabalho que até aí as Comissões de Melhoramentos realizavam, passou para aquelas. Os custos das obras de construção civil tornaram-se incomportáveis para as Agremiações Regionalistas .
Entretanto, novas ideias e novas mentalidades surgiram. As comissões de melhoramentos apontaram baterias para as vertentes cultural, social e recreativa. Continuaram assim, a desempenhar um papel importante em prol do desenvolvimento e engrandecimento das aldeias serranas. A Cultura e o Recreio começaram a fazer parte do quotidiano das pessoas. As Tradições reavivaram-se, contribuindo para o rejuvenescimento das povoações e do seu povo. Estas adquiriram mais vida com a afluência de visitantes e dos seus filhos .
A solidariedade social com a construção de Lares de 3ª Idade e Centros de Dia, trouxe alegria e uma velhice garantida para os idosos fecharem o seu livro de vida com segurança e qualidade .
Entra-se no século XXI com o mito de muitas das povoações desaparecerem do mapa. A falta de investimento público e privado, como a ausência de iniciativa das ainda Comissões de Melhoramentos, com ideias e projectos inovadores de acordo com os tempos actuais, pode levar a isso. A desertificação é um problema actual para o Regionalismo resolver. Haja um manancial de ideias para dar resolução ou atenuar esse flagelo do século XXI .
CORTES DE ALVARES, uma terra com continuidade no tempo tenta combater esse flagelo, tendo oferta na área de Serviços ( parque habitacional remodelado para alojamento, residencial com projecto avançado, cafetaria, padaria com fabrico de pão, minimercado, talho e infra-estruturas desportivas para a prática de futsal e outras modalidades, como para a caça ao javali ), condições mínimas para Cortes se transformar numa estância turística de lazer e entretenimento .
A conservação da Natureza e dos seus ecossistemas, do Património histórico local, assim como a manutenção dos usos e costumes do povo serrano, são ingredientes para o desenvolvimento turístico de âmbito rural, ecológico e de montanha, com as suas piscinas naturais espalhadas pela freguesia e região .
A agricultura de sobrevivência praticada pelos nossos antepassados em terrenos agrestes e pouco férteis, donde tiravam os seus alimentos, teve a sua importância na vida quotidiana das populações beirãs. A riqueza dos solos está no cultivo do pinheiro bravo, como no desmatamento do pinhal, em benefício das energias alternativas como, por exemplo, na produção da energia biomassa .
O turismo e os produtos extraídos do pinhal, poderão suscitar o empreendimento dos jovens na criação de micro-empresas destinadas à produção ou à comercialização de bens e serviços.
O século XXI, é o século da comunicação e do grande consumo .
O papel regionalista das Comissões de Melhoramentos passará por outros conceitos de actuação mais inovadores e mais alargados a espaços geográficos. A construção de super-estruturas regionalistas a nível de freguesias, poderá ser o caminho futurista do Regionalismo .
Esta linha de pensamento utópico, pouco realista, só com uma visão global da região e uma nova mentalidade, tem possibilidades de concretização .
Com tudo isto, reafirmo o que o meu amigo e cronista Vítor Costa Alves escreve nas páginas do Jornal de Arganil : - CORTES TEM FUTURO .
Eng. CARLOS TOMÉ
Como se poderá verificar nos diversos fins-de-semana durante todo o ano, acresce o movimento na povoação de Cortes, como foi o caso do prolongado até ao Dia de Todos o Santos, ocasião em que a nossa Terra viu aumentada a sua população para bem mais de o dobro.
Durante esses três dias de regresso às origens, matar saudade, na busca de retemperado ambiente e redescoberta de valores que não morrem, verificaram-se várias iniciativas de carácter colectivo /regionalista, como foram: Reunião dos membros da direcção da Comissão de Melhoramentos, presidido pelo João Reis Antão em jantar de trabalho que teve lugar em 30/10/2010, onde foram abordadas questões e tomadas decisões da maior importância para a Comissão e o colectivo cortense para o futuro a curso e médio prazo. O regresso às tradições não ficou esquecido, com a realização da Horta dos Santos, assegurada essencialmente pelos/as residentes, cujo trabalho é de enaltecer, que teve lugar na Prª. da Comissão (Largo de Eira), durante a tarde de 1 de Novembro, incluindo o mega Magusto, organizado pelo Carlos “do ferro” aberto à toda a gente que contou com animação de bombos enchendo quase por completo aquele largo emblemático de Cortes. Muitos dos cortenses já de regresso do fim-de-semana, não partiram sem antes por lá passar a provar a castanha assada, em despedida, até à próxima oportunidade a aproveitar logo que possível.
Ramiro Fonseca Mendes
Coimbra, 2010-11-30
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